sábado, 14 de julho de 2018

Vamos conhecer o padre Fontes


Mesmo no centro do lugar fica a casa de António Lourenço Fontes, padre. É edifício mais comprido do que largo, com paredes de granito e pequenas janelas quadradas por onde a luz entra sempre focada. Nas habitações transmontanas raramente o sol se mostra capaz de inundar um quarto inteiro - e a do Padre Fontes parece estar sempre mergulhada numa relativa penumbra. É aqui, nesta casa escura com paredes forradas de livros, que começa esta história.
(...)
"Tenho aqui uma coisa que nunca mostrei a ninguém", diz o homem, enquanto galga um pequeno muro e procura com os dedos uma caixa. Lá dentro, pequenos cadernos gatafunhados com letra miúda, notas de pensamentos íntimos, relatos de tradições pagãs, escritos proibidos de contestação ao regime e à Igreja. O primeiro caderno é de 1950, ano em que Fontes entrou, tinha 10 anos, no seminário. "Isto é o meu diário. Mantive-o sempre comigo e mais ninguém. Talvez seja tempo de o partilhar."

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